lunes, abril 16, 2007

Lisboa: o melhor para si



Lisboa, ah Lisboa...

“Tome minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu.”

A vontade de aproveitar o tempo que me foi presenteado com as comemorações da Semana Santa nos levou até você. Manuela, Yenny e eu compartilhávamos o desejo de conhecer-te. Não foi ao sabor da sorte, senão da vontade que paramos, depois de 8h de ônibus, em seu metrô – a Lisboa subterrânea, a minhoca responsável por permitir a terra fértil de cima.

Não tivemos uma recepção muito calorosa por parte da chuva e dos tímidos 8ºC que nos esperavam na superfície. Sua redenção, no entanto, foi rápida: depois de sofridos 15 minutos estávamos sentadas em uma de suas padarias, tomando um café quente e comendo um pãozinho que só você, querida Lisboa, poderia nos proporcionar! Era a Capri, ao lado de nossa pensão. Foi ali, ao lado do letreiro de néon “o melhor para si”, que tomamos inesquecíveis cafés-da-manhã nos dias seguintes.

Lisboa querida, a santidade de seus Manoéis e Josés foi confirmada em cada broinha, em cada pastelzinho de Belém, em cada bengala de gergelim, em cada garfada de bacalhau à Brás. Até pão-de-queijo, PÃO-DE -QUEIJO, uma de suas padarias nos preparou.

Mas você nos guardava mais. Nem a “rusticidade” (isso é um eufemismo para “decadência”) de nossa pensão, nem o desespero de caminhar horas baixo chuva e frio puderam diminuir o valor de tudo o que aprendemos e conhecemos entre suas ladeiras e bondes.

Você nos abriu o céu nos dois dias seguintes, nos guiou por Belém e pelos caminhos da Alfama. Convidou-nos a conhecer seu castelo e seu aquário, seu teleférico e seu elevador, seu bairro alto e suas ruas menos ilustres (mas não menos encantadoras). Colocou no nosso destino a melhor cafeteria do mundo, antecipando o fim de minha jornada em busca dela.

Ergueu um monumento por terras que buscou no além-mar. Acolheu à gente (e quanta gente!) que veio de lá. Brasileiros que já foram seus e que, sem remorsos, trabalham por um crescimento, seu e deles. Cuida deles Lisboa!
Não pretendo ser um Pero Vaz ao revés e espero que me entenda. Sai do metrô apenas com curiosidade, duas amigas e alguns euros. Voltei com as amigas, com alguns euros a menos e com a impressão de que você, Lisboa, guarda bem os seus encantos e os revela, pouco a pouco, para nunca deixar de nos surpreender.

“E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.”
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Amigos, peço desculpas pela falta de objetividade nesta postagem. Já dizia Chico: “No fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo”. (Essa é para minha mãe que, apreciadora de uma boa música, sabe o Fado Tropical até de trás para frente!)

A única coisa que não pude realizar nesta linda viagem foi uma visita aos queridos amigos Rita e Rui, que estão em Porto. Não me preocupo de pronto porque sei que o momento chegará. Ojalá!

*Na foto, eu em frente ao Memorial do Descobrimento.

12 comentarios:

Anónimo dijo...

Finalmente hoje 16 de abril, data importantissima ja que Diedo faria 107 anos, e faz um mes que me mudei a esta maravilha, eu posso estar pertinho de voce outra vez.
A Carla esta me ajudando porque nao tenho mais o Pancho e seu computador.
Me sinto viajando com você quando leio as coisas maravilhosas que você escreve. Me imagino que quando você está viajando queria que alguém estivesse perto para comentar as coisas que você vê, sem você saber que estamos juntos e estamos vivenciando tua viagem.
Estou com muitas saudades, e como sou uma chorona, te convido a um cafezinho pronto em minha casa.
Beijos enormes,
Vivi

Anónimo dijo...

Lau,
nem preciso dizer que a saudade é enorme, mas que estou imensamente feliz por tudo que voce esta passando.
Me sinto honrada e orgulhosa por ter uma irmã como você, tão especial e unica. Voce não existe.
A familia inteira chorou com a sua citação a Chico, inclusive a Vivi que estava aqui conosco comemorando um mes de mudança!
Pensamos todos muito em voce a todo instante!
Te amo muito
Beijo gigante,
catilandy! hahahaha

Anónimo dijo...

Minha linda!
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou....... e assim por diante.
Fiquei muito emocionada ao ler seu texto e perceber o quanto e você aproveita tudo e todos.
Essa é minha maior alegria.
Um brinde com licores na moringa
Com orgulho
Clau

Anónimo dijo...

Lolis,

Realmente é muito gostoso ver alguem aproveitando tando as coisas que para tanta gente passam despercebidas.

É como na reportagem do violinista, do Washington Post, que voce mandou para mim esses dias...

Ainda bem que no meio de tanta loucura voce é uma das (poucas) pessoas que ainda sabem reconhecer e apreciar as coisas boas e belas da vida.

Um beijão,

Papi

Rita Branco dijo...

Aqui em Portugal, quando alguém vai cantar um fado, seja num bar, num restaurante ou num concerto, alguém diz: "Silencio, que vai se ouvir o fado".
Em sua homenagem, à visita lusitana digo: "Silencio, que vai se ler La Sevillana".
Como sempre...tuas palavras são lindas e emocionantes.
O Porto, a Rita e o Rui mandam beijos lusos-brasileiros! E cá ou aí ainda vamos nos encontrar!!!

(adorei a "rusticidade" da pensão, hehehe)

Anónimo dijo...

Lau!!
Ai q delicia deve ter sido essa viagem!! Pena q pelo blog vc tem q contar meio por cima..!! Mas depois vc me conta detalhes tá?!?
Continua absorvendo 100% de tudo ai!!
Bjinhos!!

Anónimo dijo...

Hey...

Quer dizer que finalmente, após 20 anos, você conheceu o ponto de partida por onde o desbravador "Pedroca" descobriu o nosso Brasil! Interessante né?! Nostálgico??? hehehehhehehe

Agora, mudando de assunto, foi muito interessante a definição que você criou da pensão em que vocês ficaram! Rústico.
Eu só espero que essa palavra não se torne europeu, inacabado, simples, habitado por mendigos e etc...

Ahhh, bom saber que você disse que encontrou a melhor cafeteria do mundo, porquê o melhor café do mundo você sabe qual é. Senão eu ficaria com ciúmes. E uma certa inveja... admito.

Bem... fico por aqui com muitas saudades e esperando por uma nova postagem...

Beijão,

fabio.

ps: Continue escrevendo sempre assim. Adoro.

Anónimo dijo...

Lau,

No comments!!!
Espero pela próxima...
Beijos.

Analú

José Lacerda (Jolac) dijo...

Lau, (como te chamam)
Acho que jamais serei o primeiro na lista de comentários, pois tem gente que abre seu blog de 5 em 5 segundos!
Mas, antes tarde...
Se tivesse senha para comentários em blog, como no INPS, eu nunca seria atendido. Paciência!
Li sua crônica (é como vejo seus textos cuidadosos, preciosos) sobre Portugal, ou melhor, sobre Lisboa.
As palavras são precisas, a imagem criada nas entrelinhas são claras.
Sua luz de jornalista está aumentando, a cada nova crônica. O farol de Alexandria que se cuide, pois, se bobear, a luz da inteligência da Lau irá ofuscá-lo!
Keep writing!
Você deveria viajar por toda a Europa e, a cada esquina, nos enviar uma nova crônica.
Deus a proteja e a traga de volta ao Brasil, para uma feijoada no lugar de paella, um feijão mulatinho no lugar do garbanzo!
Jolac

Anónimo dijo...

Lau,

O meu "no comments" foi um comentário positivo.
Achei que vc pudesse entender como o contrário, assim que decidi te escrever outra vez...
Beijos.

Analú

Anónimo dijo...

Lau...
ando mt relapsa.. fazem semanas q qro t escrever, p saber como taum as coisas ae, e t contar como vaum as coisas por aqui.... mas o tempo passa e nem um coment eu mando... =/
saiba q apesar do silêncio td semana eu entro p ler noticias suas e adoro td q vc escreve! realmente me sinto viajando c vc... parabéns lau, por estar ae, aproveitando td, compartilhando td...
saudades!
Lígia

Anónimo dijo...

Laurinha,

Dia desses meu chefe retornou da Europa, onde permaneceu uns 20 dias visitando França, Espanha e LISBOA.
Indagado por mim sobre suas impressões da viagem, cuidou de "baixar a ripa" em Lisboa imputando-lhe adjetivos jocosos tais como suja, feia, velha, desorganizada.
Fiquei na minha, sem contrariá-lo,
respeitando sua opinião (afinal, ele é meu chefe!!)
Mas agora, ao ler sua crônica (assim definiu o Jolac o teu escrito) sobre Lisboa, crio coragem para afrontá-lo, taxando-o de insensível, inculto, e coisas do tipo. Será que devo...
Acho que o melhor é convidá-lo a revisitar a cidade em sua honrosa companhia para que ele, de fato, conheça a Lisboa real.

bjjjuuuuus,


Maurão