viernes, julio 11, 2008

A esperança veste rosa

A felicidade do nascimento só pode ser entendida quando você participa de um, mesmo que seja na posição de espectador, atrás de uma janelinha de 1x1. “Nasceu, Nasceu! É uma menina linda!”. Uns 7 celulares se revezavam no trabalho de informar, no menor tempo possível, a maior quantidade de pessoas. Maria Fernanda veio ao mundo e eu pude ver, disputando com outros cinco rostos um pedaço do vidro, ela tomar o primeiro banho, ter os 3,150kg pesados e o cordão umbilical cortado, ficar rosa com a roupa especialmente escolhida para o momento.

Ela no berço, quentinha dentro do embrulho que fizeram depois do banho; o pai ao lado, já contando alguma estória que nunca saberemos qual. Mafê sabia que era nova por ali e, certamente, preferiu ouvir o dono do pedaço antes de manifestar-se. Quando ele a pegou, deu para ver: a delicadeza da vida cabia em uma mão aberta. Do nosso lado, elogios e grunhidos próprios de adultos quando vêem nenês. Mas ela não ouviu e, mesmo que ouvisse, creio que iria preferir a estória do pai, qualquer que fosse.

Entre os afagos do lado de lá e as fotos do lado daqui, pensei em como é puro um bebê. Saint-Exupéry pode falar melhor que eu. Frente a uma criança que dormia entre os pais operários, durante uma viagem de trem, afirma “eis a face de um músico, eis Mozart criança, eis uma bela promessa de vida”. O autor de Terra dos Homens tinha percebido uma coisa importante: quando nascemos representamos possibilidades. Isso explica porque, enquanto olhava Maria Fernanda, tinha pensamentos de esperança.

Minhas idéias, que se (des)organizam em espiral, me levaram para longe: será que Hitler, ou Stálin, Mugabe ou Khomeini, ou...(é melhor parar por aqui) passaram por isso?! Não imagino como teriam sido seus rostinhos carinhosos e inofensivos, embrulhados em uma manta branca. E depois de pensar no que poderiam ter sido ao invés do que foram, pergunto-me: qual é o momento exato em que entortamos as crianças para que virem homens?

“Olha que linda a roupa rosa!”. Volto à janelinha 1x1, muito mais colorida. Observo o malabarismo da enfermeira para vestir os 48cm de gente: levanta, põe a fralda, vira (“olha os olhos dela!”), põe o tip-top; vira, põe a calça, a camisa (bordada na gola), o pulôver, enrola a manta, berço. A Maria Fernanda está prontinha para voltar aos cuidados da mamãe. Antes de deixar a maternidade, desejo que a Mafê nunca perca a curiosidade pelas coisas lindas do mundo. E que não esqueça de olhar, atenta e docemente, para as pessoas que estão a sua volta, contando-lhe estórias a todo momento. E lá vai ela, um pedaço de vida rosa, uma promessa bem vinda!

lunes, julio 07, 2008

Fotos


Pessoal, deixo o endereço do FLICKR onde disponibilizo minhas fotos. Como só estou começando, todas as críticas e sugestões são muito importantes!

www.flickr.com/entre_mentes

Espero que gostem!

Laurinha