viernes, mayo 22, 2009

As coisas que tiramos do caminho

A avenida é larga e, em uma das margens, condomínios de luxo eletrificados e vigiados. Do outro lado, arranha-céus espelhados refletem a grande cidade que somos, ou que queríamos ser, levados por um sentimento cosmopolita quase ridículo - tendo em conta o que, de fato, acontece lá embaixo, nas margens do rio Pinheiros. O que acontece é a remoção da favela Jardim Edite, uma das mais antigas do Brooklin.

Agora, com a inauguração da tal ponte estaiada (projeto megalomaníaco e não menos pesado ao cofres públicos), o valor do solo na região quase triplicou. O metro quadrado agora vale US$ 4 mil. Por que deixaríamos, portanto, esse valioso pedaço de terra mal-cheiroso na mão de favelados? Por que não retirá-los e construir, no local, um "conjunto habitacional" de luxo?! Pois a resposta não foi hesitante: rolo compressor! O zinco não combina com o mármore.

E assim fazemos. Tiramos do caminho o que incomoda, espelhamos a janela para não ver o que se passa lá fora.


1 comentario:

Mari dijo...

Oi Laura!!
Tudo bem??
Já atualizamos o nosso blog desde a última vez que você viu (quando o criamos)
Beijoss
Mé e Flá