jueves, diciembre 11, 2008

Explicando-me

Faz algun tempo que não penso em outra coisa: essa é a sorte de ser uma estudante de jornalismo, com tempo para, de fato, mergulhar em algum tema. No dia 27 de janeiro partirei com a Giovana para Espanha, Marrocos, Argélia e para o Saara Ocidental (território em litígio que constitui o centro de nosso trabalho de conclusão de curso).

Explicado meu crescente interesse em temas relacionados ao continente africano. Muitos me perguntam, quase com recriminação, porque não penso mais no Brasil - já que temos problemas de sobra por aqui. "Não é preciso ir longe para se deparar com os problemas decorrentes do 'subdesenvolvimento'." De fato. Mas quero aproveitar esse espaço para dividir as questões que faço a mim mesma todos os dias e, quem sabe, esclarecer alguns por quês.

Ano passado fiz um curso no El Pais voltado para o jornalismo internacional. O tema, "África na sociedade global", levou à casa de campo de Miraflores de la Sierra gente como Ramón Lobo, um dos correspondentes mais respeitados da Espanha, e Isabel Coello, jornalista na região dos Grandes Lagos. Durante os oito dias, caí na real de que estávamos falando ali de problemas que também eram meus, que estavam ligados à história do meu país e, mais ainda, à história dos paises que, dentro de uma lógica cruel, fazem parte do chamado terceiro mundo.

O que acontece ali, logo ao lado, tem uma mesma raíz e as consequências da desigualdade, embora em outra poporção, são bem similares aos problemas que enfrentamos por aqui. A fome que se sente é a mesma.

Os problemas da África são nossos. Não basta se conhecer olhando no espelho: é preciso olhar para o outro, ao qual temos o costume de só reservar medo, preconceito e, na melhor das hipóteses, nossa compaixão individualista. Acredito (na minha humildade de 21 anos) que o jornalismo internacional voltado para os problemas das 52 nações africanas pode contribuir muito para que, desde aqui, possamos construir uma nova perspectiva de mundo. Nossa cultura só ensinou a olhar para cima.

Não digo que devemos nos unir à África da forma retórica e messiânica que Lula propõe, com toda a sua arrogância, desfilando em carro aberto ao lado do ditador do Gabão. Tampouco acho que o Brasil deva se colocar como líder nessa empreitada do sul contra o norte (que sabemos nós de liderança?). Sugiro o conhecimento mútuo, um conhecimento, quem sabe, "alternativo", capaz de dar conta de tantos anos de cegueira - quem na escola aprendeu sobre movimento pan-africano?

E lá vou eu com os meus ideais.

1 comentario:

José Lacerda (Jolac) dijo...

Oi, Laura
O seu ideal é adequado à sua ambição de fazer algo por alguém, por seu país. O Aurélio informa que "ideal" é "aquilo que é objeto da nossa mais alta aspiração intelectual, estética, espiritual, afetiva, ou de ordem prática". Sua formação acadêmica e a cultura que adquiriu com viagens e contatos importantes fez com que vc criasse um ideal profundo, abrangente. Desejo que o sucesso a acompanhe, não só nesta empreitada no deserto, mas em toda a sua vida profissional que - estou certo - dará muitos frutos.
Jolac