As crianças das cidades geralmente têm uma experiência de jardinagem limitada. Na escola aprendem a plantar o feijão em algodão e só. Não costumam ligar mais para as flores até ficarem adultas, quando comprar ou receber uma flor assume significados diversos. Vai visitar? Uma gérbera. Nasceu o bebê? Uma violeta. É encontro? Rosas, sem pestanejar. Assim nos dizem - nada de plantar por plantar, nada de florescer por florescer.
Mas ali, em meio à passagem encardida da vida, numa pequena pausa na correria que não nos deixa tempo para flores nem crianças, elas juntaram as mãozinhas e despejaram o que tinham de moedas para comprar um lindo vaso de margaridas amarelas! Vi a cara da vendedora se impacientar: “quem vai contar tudo isso?”.
Depois de constatarem que havia o suficiente, perguntaram se um pacote com papel de seda e fita de cetim podia ser feito. “Mais dez reais”, disse com má vontade a boca no meio da cara redonda. “É mais caro o embrulho do que a flor...”, constataram na sua esperteza de seis ou sete anos. E, desapontadas, deixaram no lugar as margaridas amarelas, envoltas em plástico frio e transparente, assim, como costumam nos entregar a vida nos dias de hoje.